quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A telefonista

Por não saber ao certo o que quero falar, me deixo então ser guiada por esta imensa vontade de escrever. Quinta feira, setembro, 2011.  Dia frio; sem chuva, e eu inundada. Recorro a escrita, pois só assim consigo me restaurar.
E já é hora da partida. Ouço passos na escada: sobem, descem, e lá se vão: gente, gerente, encarregado e patrão. O telefone toca, mas, já não tenho para quem passar as ligações. O cliente insiste e eu repito: sou telefonista, queira por gentileza retornar a ligação em horário comercial. Pequeno silêncio se faz e, para a minha não surpresa ouço dentre tantas outras indagações a seguinte frase: se já acabou o horário comercial, o que você está fazendo ai? – Pois é; longe de nós mortais telefonistas ousar em responder conforme dizia o personagem Saraiva (Francisco Milani) Zorra Total: “Para as perguntas idiotas, tolerância zero“ - Ou também lhe responder já perguntando: e o que você tem a ver com isto? rsrsrs - Não. Claro que não. Nós telefonistas devemos-nos abster de tais respostas: ignorar a curiosidade alheia, respondendo a todos com palavras e voz pacífica. Mesmo porque, penso que já foi dito; ou se ainda não foi dito, digo agora: “A voz da telefonista é a alma da empresa.” - Sim. Tanto acredito como lhes dou alguns exemplos, vejamos: por “enes” motivos, uma empresa não pôde cumprir o prazo que fora determinado com o cliente para a chegada da mercadoria em seu estabelecimento e, sendo ele, o cliente, uma pessoa impetuosa e impaciente; não vai querer saber de esperar o fornecedor lhe avisar do atraso. Ele, automaticamente pega o telefone e sem dar muita importância para a voz do outro lado que o atende, vai logo soltando o verbo.
- Quero falar com o responsável pela empresa: que seja, encarregado, gerente ou alguém acima deles. A telefonista já acostumada com tais situações, gentilmente responde já fazendo a seguinte pergunta. - Sim. Seja bem vindo; mas, o senhor poderia me adiantar o assunto para então lhe direcionar ao departamento certo? - Neste caso não há silêncio da parte do cliente, pois ele é mesmo um desaforado, respondendo de imediato e grosseiramente. - Não lhe interessa, passe para o responsável pela empresa que ele vai ficar sabendo do que se trata. - Silêncio se faz da parte da telefonista; claro, pois o cliente continua esbravejando do outro lado da linha. rsrsrs - Mas, como eu costumo dizer; cada caso, um caso: nem todos os clientes agem assim. Uns são passivos e outros agressivos. E nós telefonistas tomamos o cuidado em relevar determinadas palavras quando proferidas por pessoas assim, insolente. E que este exemplo nos sirva também no dia-a-dia; pois, como diz o dito popular: quando um não quer dois não briga. - Tem também a frase Bíblica que diz:  “ Os exaltados serão humilhados e os humilhados serão exaltados (S. Lucas 14.11) - Mas, ainda assim devo repetir o que eu já disse anteriormente: cada caso um caso. Nem sempre, no decorrer do dia agimos assim na calmaria. Mas, quando o assunto é cliente nervoso, o melhor mesmo é não se exaltar. Devemos manter a calma e o equilíbrio interior; pois, telefonista que se preza, não age com impaciência e nem se contamina com o nervosismo alheio. E sendo eu esta telefonista que tanto ouve e tanto releva, finalizo o texto com o versindo seguinte.

Oh! Quão estúpida e inútil foi esta tua bravura

Teus insultos em nada me contaminou
Revesti-me da paz e do perdão
E o veneno só em ti ficou

    Neusa***