terça-feira, 1 de junho de 2010

O medo lapidado























Algo acontecia: perguntas eram feitas, respostas eram dadas, mas nada era concreto - e a incerteza persistia. Foi aí que um dia, em um determinado momento; mergulhei em mim... e querendo entender o que estava acontecendo; fui aos pouco me despindo:
Saudades,
alegrias,
perdas,
ganhos,
amor,
paixão,
perdão,
sonhos e ilusão. 

Enfim; encontrei em mim, todos os sentimentos que eu havia encontrado em visitas anteriores, mas ainda assim; desconfiei que algo mais havia ali, pois senti que havia um certo bloqueio, algo muito secreto. Novamente em mim, fiz uma minuciosa análise. Mergulhei fundo... revi o passado, analisei o presente e desenhei o hipotético futuro. Foi aí que entendi, senti, e em voz alta exclamei: MEDO!
Ainda mergulhada em mim, conclui que: estando eu ciente do real descobrimento; o MEDO, não seria certo expulsá-lo por completo de mim; mas compreendi que algo de melhor poderia ser feito: uma transformação, ou seja, o tal medo poderia ser de uma certa forma lapidado, não, expulso, mas transformado. E então, a força do medo não seria mais tão forte assim, pois, o que antes era medo, passaria a ser cautela e atenção. O medo lapidado, não seria mais o causador de tantas renuncias em mim. E foi aí que, diante da conclusão, demoradamente sorri. Abracei a mim e cautelosamente segui.
*** Neusa Leontina

A menina e o vento


Cabelos soltos e pés descalços
Sempre assim nos finais de tarde
Sonhos e poesias
Risos, lagrimas e alegria

O vento soprava e a menina sorria
Escrevendo na areia, ela dizia:
Oh! O que acontece com você?
Vento, vento, vento!
Não me deixas escrever?

A menina brincava escrevendo no chão
E o vento soprava apagando o refrão
Desenhando na areia ela falava:
Já entendi meu camarada
Para ti vou escrever
Direi o que penso de você

Vento, vento, vento!
Ventinho meu amigo
Na areia eu escrevo e lhe digo
Sou sua amiga e lhe quero bem
Amor igual ao nosso ninguém tem

O vento se acalmou
A menina continuou
Entre risos e gargalhadas
Escrevendo ela falava

Você é bem vindo
Vejo-lhe sempre sorrindo
Você é fresquinho! È Divino!

Sonzinho em meus ouvidos você faz
Desmancha o penteado do rapaz
Levanta a saia da menina
Acompanha a vovó até a esquina

Você é universal
Gosta de todos por igual
Estas aqui, lá e acolá
E pelas frestas da janela
Também te vi passar

Ventinho meu amigo
Você é divertido
É querido amado e desejado
E quando estou com calor
Você me traz frescor
O chapéu do pescador
Na água você o derrubou

Com todos você gosta de brincar
Mas, se agridem a natureza
Sinto você se ausentar
Ventinho meu amigo
Não me dê esse castigo
Venha sempre me visitar

Sua presença é uma benção
Dar-me inspiração
Estou indo embora
Com alívio no coração

Amanhã voltarei
Só para ti contarei
O que se passa em meu coração
E na areia escreverei
Algo com a sua permissão

**

---->>> Neusa Leontina

Vai passar



Vai passar
Eu sei que vai
Vou me aquietar
Esperar

Dor intensa
Dor cruel
Dor só minha

Vai passar
Vou dar gargalhadas
Vou arrancar da minha alma
Essa dor malvada

Eu sei
Fui eu que facilitei
Nem pensei
E logo acreditei
Vai passar
Dor, angústia, decepção
Limparei meu coração
Não alimentarei mais ilusão

Vai passar
Eu sei que vai
Darei gargalhadas
Quando estiver livre
Desta dor malvada


*** Neusa Leontina