quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Resenha --->>>>> Macabéa


Hoje quero falar um pouco sobre esta palavra "simplicidade". Palavra esta que as vezes confundo-a também com as palavras: humildade e felicidade. Bom, não sei se na prática ambas representam a mesma coisa, mas, sei lá, tenho notado que ultimamente se tem falado muito em: simplicidade, humildade e felicidade. Será que para ser feliz, precisamos em primeiro lugar ser simples e humildes? Não sei, mas, isto me faz lembrar de uma personagem da inesquecível escritora; Clarice Lispector: ("Macabéa" - A hora da estrela) Já li este livro duas vezes, pois, ainda não consegui entender o meu sentimento pela "Macabéa". Não sei se o que sinto por ela é dó, paixão, carinho ou apatia. A primeira vez que li este livro, bem no início, quando a escritora começa a descrever a personagem, (Macabéa), eu já fui logo ficando curiosa em querer saber o fim da história e, confesso: me surpreendi com o final que foi dado para ela. Na minha cabeça, no meu querer, Macabéa deveria ter tido um final menos triste, mas, talvez por ela ser tão simplória, conformada, ingênua e tão sei lá o que pensar e dizer, que ela precisou morrer daquele jeito. No inicio eu me apaixonei pelo jeito simples de ser da Macabéa. Sua doçura e simplicidade me encantavam, mas, depois eu fui ficando meio que incomodada com aquele seu jeito tolo de aceitar tudo sem questionar nada. Macabéa não via nenhuma dificuldade em ser como ela era; aliás, nunca passou por sua cabeça questionar a vida - sem sonhos e sem nenhuma reclamação ela ia vivendo do jeito que era: "Já que sou o jeito é ser." E assim o tempo ia passando e em nada sua vida se modificava. Pois é... No meu entender, ser simples não significa ser pobre. Macabéa era pobre materialmente, mas, rica em paciência, doçura, humildade e simplicidade. Mas, analisando bem o perfil da Macabéa, pela descrição da autora, esta personagem só poderia mesmo ter um final conforme o acontecido; pois, apesar de todas essas virtudes: mansidão, doçura e simplicidade; percebi que, talvez, pelo fato dela ser assim excessivamente simples e humilde, ela poderia ser também uma pessoa fácil de ser influenciada e, conforme a narração da autora, as condições financeiras e culturais da personagem já davam sinais de que ela poderia sim, cair nas armadilhas de pessoas inescrupulosas e, quando isto acontece com alguém; digo, a pessoa quando se deixa levar pelas más influências mundana, não se pode esperar boas coisas, né mesmo? Macabéa não chegou a cair em grandes armadilhas; mas, ficou tão fascinada com as palavras da cartomante que nem notou o carro vindo. Distraidamente ela caminhou para atravessar á rua e o automóvel a atingiu. E a jovem Macabéa que nunca havia reclamado de nada neste mundo, partiu desta vida para outra num piscar de olhos - sem magoas e sem maiores sofrimentos, pois como eu disse: tudo aconteceu num piscar de olhos... o carro a atingiu e alí mesmo; naquela mesma hora ela partiu: sem choro, sem apego e sem saudades... livre do mundo.
*** Neusa

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A telefonista

Por não saber ao certo o que quero falar, me deixo então ser guiada por esta imensa vontade de escrever. Quinta feira, setembro, 2011.  Dia frio; sem chuva, e eu inundada. Recorro a escrita, pois só assim consigo me restaurar.
E já é hora da partida. Ouço passos na escada: sobem, descem, e lá se vão: gente, gerente, encarregado e patrão. O telefone toca, mas, já não tenho para quem passar as ligações. O cliente insiste e eu repito: sou telefonista, queira por gentileza retornar a ligação em horário comercial. Pequeno silêncio se faz e, para a minha não surpresa ouço dentre tantas outras indagações a seguinte frase: se já acabou o horário comercial, o que você está fazendo ai? – Pois é; longe de nós mortais telefonistas ousar em responder conforme dizia o personagem Saraiva (Francisco Milani) Zorra Total: “Para as perguntas idiotas, tolerância zero“ - Ou também lhe responder já perguntando: e o que você tem a ver com isto? rsrsrs - Não. Claro que não. Nós telefonistas devemos-nos abster de tais respostas: ignorar a curiosidade alheia, respondendo a todos com palavras e voz pacífica. Mesmo porque, penso que já foi dito; ou se ainda não foi dito, digo agora: “A voz da telefonista é a alma da empresa.” - Sim. Tanto acredito como lhes dou alguns exemplos, vejamos: por “enes” motivos, uma empresa não pôde cumprir o prazo que fora determinado com o cliente para a chegada da mercadoria em seu estabelecimento e, sendo ele, o cliente, uma pessoa impetuosa e impaciente; não vai querer saber de esperar o fornecedor lhe avisar do atraso. Ele, automaticamente pega o telefone e sem dar muita importância para a voz do outro lado que o atende, vai logo soltando o verbo.
- Quero falar com o responsável pela empresa: que seja, encarregado, gerente ou alguém acima deles. A telefonista já acostumada com tais situações, gentilmente responde já fazendo a seguinte pergunta. - Sim. Seja bem vindo; mas, o senhor poderia me adiantar o assunto para então lhe direcionar ao departamento certo? - Neste caso não há silêncio da parte do cliente, pois ele é mesmo um desaforado, respondendo de imediato e grosseiramente. - Não lhe interessa, passe para o responsável pela empresa que ele vai ficar sabendo do que se trata. - Silêncio se faz da parte da telefonista; claro, pois o cliente continua esbravejando do outro lado da linha. rsrsrs - Mas, como eu costumo dizer; cada caso, um caso: nem todos os clientes agem assim. Uns são passivos e outros agressivos. E nós telefonistas tomamos o cuidado em relevar determinadas palavras quando proferidas por pessoas assim, insolente. E que este exemplo nos sirva também no dia-a-dia; pois, como diz o dito popular: quando um não quer dois não briga. - Tem também a frase Bíblica que diz:  “ Os exaltados serão humilhados e os humilhados serão exaltados (S. Lucas 14.11) - Mas, ainda assim devo repetir o que eu já disse anteriormente: cada caso um caso. Nem sempre, no decorrer do dia agimos assim na calmaria. Mas, quando o assunto é cliente nervoso, o melhor mesmo é não se exaltar. Devemos manter a calma e o equilíbrio interior; pois, telefonista que se preza, não age com impaciência e nem se contamina com o nervosismo alheio. E sendo eu esta telefonista que tanto ouve e tanto releva, finalizo o texto com o versindo seguinte.

Oh! Quão estúpida e inútil foi esta tua bravura

Teus insultos em nada me contaminou
Revesti-me da paz e do perdão
E o veneno só em ti ficou

    Neusa***