As águas do mar

A janela semi-aberta
Era constantemente visitada
Entre risos e conversas
Os planos para o amanhã

Olhos fixos na direção do mar
Queriam naquelas águas penetrar
Na areia sentar
E de perto sentir o mar, contemplar

Ansiosos esperavam
Junto á janela espiavam
O mar, as ondas, a areia, a chuva...
E enquanto sonhavam
Também exclamavam:

Oh! Chuva!
Sei que amas o mar
Daqui da janela podemos comprovar
Mas, estamos tão aflitos
Nem sabemos como te falar
Pedir, implorar
Queremos ir até o mar
Deixa o sol nos acompanhar!

Oh, chuva!
Chuva fina, Divina
Perdoa a nossa ousadia
Mas, deixa vir o Sol
Clarear o nosso dia

Ven a noite
E com ela a chuva permanece
Fecham a janela, adormecem
E sonham com o amanhã

Vem o dia
Correm á janela, espiam
E pulam de alegria
Em ver o sol brilhar
Sobre as águas do mar


***  Neusa Leontina

Perdão

Perdão...
Mas, preciso falar
Fiquei desapontada
Decepcionada e até indignada
Quanta coisa boa sonhei para você
Não consigo entender
Talvez eu tenha me precipitado
Sonhando algo que a meu ver, seria bom para você

Perdão...
Vou procurar entender
Não posso querer que sejas algo que não queres
Quem sou eu para achar que o teu jeito de ser está errado?
É que ainda és tão jovem
Eu só quis ajudar
Mas, veja só a minha ingenuidade
Eu querendo interferir na sua felicidade
Pois se o saber ler e escrever não te interessa
E se és feliz assim
Tenho que aceitar
Pois não poço forçar a te alfabetizar

Perdão...
Sei que não tenho o direito de lhe julgar
Mas, se tu queres continuar nesta ignorância
O que poderei eu fazer?
Apenas respeitar sua decisão
E procurar sanar esta minha insatisfação
Por não ter conseguido tocar o teu coração


*** Neusa Leontina

Coisas que eu sei

Hoje alguém falou comigo
Disse-me coisas que até então eu já sabia
Digamos que são coisas que em mim estão adormecidas
Coisas que eu sei
Coisas que em meu subconsciente guardei
Mas, a deixei ficar e falar
Ouvi e também argumentei
E por fim, dissimulei
Fingi não saber de coisas que eu já sei
E foi ai que a deixei ser
Ela se prolongou nas palavras
Falou, gesticulou, desafogou
E só então ela sorriu
O silêncio se fez entre nós
Ela então partiu
E eu demoradamente respirei
Comigo mesmo me conectei
Faxinei a mente
O coração
Elevei a alma
E voltei a ser o que eu sou

*** Neusa leontina

Balela

Balela...
Palavras em vão
Cada um sabe de si
Não tem porque entrar em discussão

Se eu lhe digo o que o meu coração sente
E você sarcasticamente ri
Prefiro então o silêncio
Preservar meus sentimentos
E com você não discutir

Entenda que
Se não pensas igual a mim
E nem eu enxergo igual a você
Não queiramos então nos ofender
Pois os nossos pensamentos são livres
E assim como você
Eu também tenho minhas razões, em ser como sou
E talvez
O que eu sou
E o que tu és
Na íntegra
Jamais nos conheceremos

Bobagem...
E o melhor á fazer
É viver sem discussão
Ouvir e respeitar
As divergências de opinião

Mas, saiba que
O que sinto vai além do que vês e sentes
E já não me importo se achas que alimento ilusões
Deixo seus julgamentos sob o olhar de Deus
Assim evitamos as grotescas discussões

Balela, descrença, assuntos fútil
Nada disso edifica
Só causam intrigas e desunião
Perscrutemos a palavra
Que nos dar paz ao coração

*** Neusa Leontina

Tudo vem no tempo certo...

Com o tempo as coisas vão ficando mais entendível. Isso porque o tempo vai passando e a vida vai nos moldando. E então, de repente, ou seja: na hora e no tempo certo as coisas vão ficando mais clara, e você percebe que já não mais se aborrece e se altera com a mesma facilidade e intensidade de antes. E é a partir dai que você passa também a ouvir melhor, entender melhor, sentir melhor e, consequentemente; viver melhor. A esse entendimento eu chamo de: graça de Deus que, no tempo certo somos despertados para o caminho do bem. E quando passamos a entender isso, tudo em nós fica melhor: a começar pelas nossas escolhas.  

*** Neusa Leon